Bahia lidera volume de empresas inadimplentes no Nordeste
A Bahia liderou o volume de empresas inadimplentes na região Nordeste em julho de 2025, com 348.461 CNPJs negativados, segundo dados do Indicador de Inadimplência das Empresas, elaborado pela Serasa Experian. Cada empresa em média acumula 5,8 dívidas, totalizando mais de 2 milhões de débitos, que somam cerca de R$ 6 bilhões, e o ticket médio das dívidas por CNPJ é de R$ 2.946,66. O cenário reflete uma tendência nacional: em julho, o número de empresas inadimplentes no Brasil bateu novo recorde histórico, alcançando 8 milhões de CNPJs nessa situação, um aumento de 1,1 milhão em relação a julho de 2024.
O problema não é exclusivo da Bahia. No Nordeste, a região registrou 1,3 milhão de empresas inadimplentes em julho, sendo seguida por Pernambuco, com 218.360 CNPJs negativados; Paraíba, com 187.869; Ceará, 187.204; Maranhão, 126.479; Rio Grande do Norte, 86.206; Alagoas, 82.748; Piauí, 52.575; e Sergipe, 44.512. A concentração de inadimplência reflete não apenas desafios locais, mas também efeitos de um contexto econômico mais amplo, com juros elevados, crédito mais restrito e desaceleração da atividade econômica em todo o país.
No Brasil, a situação também é preocupante, conforme o Indicador elaborado pela Serasa Experian. Em julho, o número de CNPJs inadimplentes atingiu 8 milhões, um recorde histórico, representando um aumento de 1,1 milhão em relação a julho de 2024. O Sudeste concentra o maior volume de empresas negativadas, com 4,1 milhões, seguido pelo Sul, com 1,2 milhão, e pelo Nordeste, com 1,3 milhão.
Segundo Camila Abdelmalack, economista da Serasa Experian, “as empresas têm contraído dívidas cada vez mais altas, em grande parte devido ao ambiente de juros elevados e à concessão de crédito mais criteriosa. Observamos que o segundo semestre pode ser ainda mais crítico, com a desaceleração da atividade econômica exercendo pressão sobre os ganhos e margens de lucro, principalmente para negócios de menor porte”. Ela destaca que esse contexto tende a afetar principalmente as pequenas e médias empresas, que representam 7,6 milhões dos 8 milhões de CNPJs inadimplentes no país, concentrando 54 milhões de dívidas e somando R$ 174,1 bilhões.
Impactos - Os serviços concentram a maior parte das empresas negativadas no país, com 54,1% do total, seguidos pelo comércio, com 33,7%, e a indústria, com 8%. Outros segmentos, incluindo financeiro e terceiro setor, respondem por 3,2%, enquanto o setor primário representa apenas 1% do total. Na Bahia, a situação segue a mesma lógica, com serviços e comércio concentrando a maior parte das dívidas, e grande parcela delas relacionada a bancos, cartões de crédito e fornecedores, que juntos correspondem a cerca de metade do total.
Especialistas afirmam que empresas com múltiplas dívidas tendem a reduzir investimentos, adiar contratações e, em casos extremos, encerrar atividades, com efeito direto na economia local e na geração de empregos. Marcelo Teixeira, consultor de gestão empresarial, explica que “a inadimplência crescente é um sinal de fragilidade financeira estrutural. Negócios que acumulam dívidas enfrentam dificuldade para se manter competitivos, o que compromete não apenas o fluxo de caixa, mas também a confiança de fornecedores, clientes e investidores”.
Na Bahia, a situação afeta diretamente o funcionamento do mercado e a economia das cidades. Municípios baianos, especialmente aqueles com concentração de pequenas e médias empresas, sentem o impacto no consumo, na arrecadação de impostos e na capacidade de investimento. Conforme os especialistas, a alta inadimplência pode atrasar novos investimentos e dificultar a recuperação econômica em regiões ainda fragilizadas por efeitos anteriores da pandemia e da inflação elevada.
Diante desse cenário, a defesa é de medidas de prevenção e planejamento financeiro, além do acesso a linhas de crédito mais flexíveis, renegociações e educação financeira para empresários. As ações são consideradas essenciais para evitar o agravamento da inadimplência e proteger a sustentabilidade das empresas, especialmente as de menor porte, que são a espinha dorsal da economia local.
Por Hieros Vasconcelos
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