Doença silenciosa, Sepse ainda mata milhares na Bahia

Por Nossa Hora
Segunda-Feira, 08 de Setembro de 2025 às 08:10
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A sepse, conhecida popularmente como infecção generalizada, segue sendo uma ameaça preocupante para a saúde pública na Bahia. Embora os números não indiquem uma escalada abrupta, eles revelam a gravidade de uma condição em que o organismo reage de forma descontrolada a uma infecção, desencadeando falência múltipla de órgãos e, muitas vezes, levando à morte. Crianças pequenas e pessoas idosas estão entre as vítimas mais vulneráveis, em razão da fragilidade do sistema imunológico.

Informações da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) mostram que as mortes por sepse cresceram entre 2022 e 2024, passando de 1.475 para 1.652 registros no período. Já em 2025, os dados parciais sinalizam uma redução, ainda em análise: até o dia 28 de março, foram contabilizados 252 óbitos. Especialistas, no entanto, chamam atenção para o fato de que esses números devem aumentar conforme o ano avança.

As internações também acompanharam a alta. Em 2022, foram 5.587 registros, número que subiu para 6.286 em 2024. A maioria dos casos envolve justamente os grupos mais frágeis. Entre os idosos, só no ano passado, foram 1.052 internações na faixa entre 60 e 69 anos, 1.228 entre 70 e 79 anos e 1.394 acima dos 80 anos. Entre as crianças menores de um ano, o número foi de 445 hospitalizações, quase o dobro do registrado em jovens de 20 a 29 anos (207 internações).

O Ministério da Saúde reforça que a sepse continua sendo um dos maiores desafios dentro dos hospitais, tanto em crianças quanto em adultos. O órgão reforça que a atenção precisa ser imediata em sinais como febre alta persistente, confusão mental, dificuldade para respirar e alteração súbita da pressão arterial.

“A identificação precoce da sepse é fundamental para o sucesso do tratamento. Muitas vidas poderiam ser salvas com protocolos de atendimento mais eficazes, como a adoção do ‘pacote de uma hora’, que prioriza a hidratação e a administração rápida de antibióticos”, destaca o médico Ricardo Almeida.

Nacional - No Brasil, os dados do Ministério da Saúde indicam um impacto ainda mais preocupante: cerca de 400 mil casos de sepse em adultos a cada ano, dos quais 240 mil resultam em morte — uma taxa de letalidade próxima de 60%, bem acima da média observada em outros países em desenvolvimento. Entre as crianças, são aproximadamente 42 mil registros anuais, com 8 mil mortes, o que representa 19% de mortalidade.

Especialistas defendem que a prevenção seja tratada como prioridade. Medidas simples, como higienização correta das mãos, vacinação em dia e tratamento adequado de infecções comuns, podem reduzir drasticamente os casos. Porém, a rede hospitalar tem papel decisivo: identificar sinais precoces e agir rapidamente é o que define a sobrevivência de muitos pacientes.

Outro ponto central é a qualidade da estrutura hospitalar. Ambientes que não garantem condições adequadas de assepsia acabam contribuindo para infecções adquiridas dentro das próprias unidades de saúde, que frequentemente evoluem para sepse. Para mudar esse quadro, é necessário investir na capacitação de equipes médicas, atualização de protocolos e maior rigor na fiscalização sanitária.

Hospitais de qualidade e informação devem chegar à população

Além da qualidade do atendimento, a estrutura física e tecnológica dos hospitais é determinante para salvar vidas. Hospitais bem equipados, com unidades de emergência, UTIs modernas, centros de diagnóstico precisos e equipes treinadas para situações críticas garantem que os pacientes recebam atendimento rápido e eficaz.

Especialistas explicam que a ausência desses recursos aumenta o risco de complicações, sequelas permanentes ou até morte, especialmente em casos de acidentes graves ou doenças agudas. Investir em hospitais qualificados é, portanto, investir em segurança e qualidade de vida para a população, transformando cada unidade de saúde em um verdadeiro centro de proteção à vida.

A batalha contra a sepse não será vencida apenas nos hospitais. A informação também precisa chegar à população. Conhecer os sintomas e buscar atendimento imediato pode ser a diferença entre a vida e a morte.

“Muitas pessoas ainda desconhecem a gravidade da sepse. Campanhas de conscientização e treinamentos para profissionais de saúde podem salvar vidas”, reforça.

Diante de uma doença silenciosa, mas extremamente letal, especialistas concordam: prevenção, infraestrutura adequada e resposta rápida são pilares para reduzir a mortalidade. Como resume o Ministério da Saúde, “investir em prevenção, treinamento e estrutura hospitalar são caminhos fundamentais para reduzir o impacto dessa doença que, muitas vezes, se instala de forma silenciosa, mas pode ser fatal”.



TRBN



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