Radar que ajuda a prever desastres está desligado por falta de manutenção

O radar meteorológico de Salvador, parte da rede nacional de monitoramento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), está fora de operação. A informação foi confirmada nesta segunda-feira (14) pelo próprio órgão, que atribuiu a paralisação à ausência de contrato vigente para manutenção preventiva e corretiva da infraestrutura de apoio ao equipamento.

A situação veio à tona após o diretor da Defesa Civil de Salvador (Codesal), Sosthenes Macedo, criticar a falta de suporte do radar nas previsões de chuvas intensas que vêm atingindo a capital baiana. Segundo o Cemaden, o aparelho, localizado nas imediações do Aeroporto de Salvador, pertence ao Governo Federal e segue em condições técnicas de uso. No entanto, por segurança, está desligado desde o fim do contrato com a empresa responsável pela manutenção — a Eletrocontrole Engenharia Comércio e Representação — encerrado em 7 de setembro de 2024.

Embora outros contratos relacionados à manutenção integrada e à transmissão de dados via internet ainda estejam vigentes, eles não garantem o funcionamento pleno do radar. “O processo de licitação para contratação do serviço de manutenção está em andamento e, tão logo o orçamento do CEMADEN/MCTI seja divulgado e liberado, daremos continuidade ao processo de contratação”, informou o órgão em nota.

Em entrevista a um portal de notícias, Sosthenes Macedo cobrou agilidade no restabelecimento do equipamento. “O radar nos permite fazer uma análise imediata do que está por vir. A ausência dessas informações é gravíssima, porque respostas rápidas salvam vidas”, afirmou. O diretor relembrou o caso do jovem Paulo Andrade, de 18 anos, que morreu soterrado após um deslizamento de terra em Saramandaia, em novembro de 2024. As buscas pelo corpo levaram mais de 48 horas.

O Cemaden esclareceu ainda que seu trabalho não é fornecer previsões meteorológicas comuns, mas sim estimativas de risco geo-hidrológico com até 24 horas de antecedência. O radar contribui projetando a distribuição espacial das chuvas, mas seu alcance se limita a previsões de, no máximo, duas horas.

Apesar do desligamento do radar, o órgão garantiu que Salvador segue sendo monitorada ininterruptamente. “O município é acompanhado 24 horas por dia, sete dias por semana. Quando necessário, os alertas são enviados tanto à Defesa Civil Nacional quanto à Defesa Civil de Salvador, que pode utilizar as informações para ações emergenciais, como ativação de planos de contingência, definição de rotas de fuga e outras medidas de prevenção a desastres”, concluiu a nota.

Foto: Reprodução/Cemaden