Estudo da USP detecta chumbo no leite materno; metal pode afetar desenvolvimento

Por Nossa Hora
Quarta-Feira, 02 de Outubro de 2024 às 09:35
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Um estudo conduzido pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB/USP) em colaboração com outras instituições, detectou a presença de chumbo no leite materno e avaliou possíveis efeitos desse processo no desenvolvimento da linguagem em bebês. O artigo científico foi publicado na revista Frontiers in Public Health em agosto deste ano.

A pesquisa acende um alerta, já que aponta um elemento considerado neurotóxico na mais importante fonte de alimentação de bebês. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o leite materno seja o único alimento da dieta de crianças com até seis meses. Por meio dele, mais de 400 substâncias imunológicas são levadas ao organismo. A amamentação impacta até mesmo na inteligência desenvolvida na vida adulta.

Há décadas, estudos indicam as consequências do chumbo para a saúde. A presença do metal no corpo humano está diretamente relacionada à contaminação do ar, da água e dos alimentos. Amplamente utilizado na indústria siderúrgica e no agronegócio como componente de fertilizantes, o elemento também é emitido na fumaça dos veículos automotores e das queimadas.

O chumbo é capaz de atravessar a barreira hematoencefálica do cérebro, que organiza e regula o transporte de substâncias entre a corrente sanguínea e o sistema nervoso central. O componente pode afetar os astrócitos, células que fornecem suporte e nutrição aos neurônios. 

Esse processo tem potencial de comprometer o funcionamento neuronal. Ele altera, por exemplo, a liberação de neurotransmissores como acetilcolina, GABA e glutamato, cruciais para o aprendizado, o desenvolvimento muscular, a regulação de humor e a memória.

Também nesse cenário, a desigualdade exerce um peso importante no acesso à saúde. As famílias que vivem em regiões de baixa renda são comumente mais afetadas pela contaminação ambiental.

A partir das conclusões do estudo, pesquisadoras e pesquisadores podem passar a investigar como o organismo dos bebês reage para responder à contaminação por chumbo e se esses processos de proteção natural podem ser reforçados.


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