Entenda por que o ciclone não chegou no continente, mas a chuva está fazendo estrago em Salvador

Por Nossa Hora
Quinta-Feira, 28 de Novembro de 2024 às 06:00
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A previsão do tempo do Instituto Nacional de Meteorologista (Inmet) indicou, na última sexta-feira (22), a possibilidade de formação de um centro de baixa pressão – também conhecido como ciclone – próximo ao litoral baiano. O fenômeno teria como efeito a queda de chuva nas cidades baianas, mas ele sequer chegou no continente. Ainda assim, as chuvas atingiram as cidades, sobretudo a capital Salvador, que registrou em três dias um acumulado de chuva equivalente ao triplo do que era esperado para todo o mês de novembro.

De acordo com Andrea Ramos, meteorologista do Inmet, o ciclone não adquiriu força e, por isso, não foi responsável pelas chuvas. "Ele se formou de uma maneira bem rápida, ficou ali no oceano e se dissipou rápido. Isso porque havia um sistema de alta pressão que o enterrou e levou para o oceano. A grande questão que está provocando essas chuvas é esse suporte de umidade que está chegando do oceano", afirma.

Sosthenes Macêdo, diretor-geral da Defesa Civil de Salvador (Codesal), por sua vez, não descarta a possibilidade de o ciclone ter influenciado o mau tempo que acomete a capital baiana. "O fenômeno pode ter favorecido a nebulosidade intensa na cidade e influenciado no estacionamento da frente fria que passou por Salvador. Os estragos são por conta dessa frente fria, que tem previsão de perder intensidade hoje", esclareceu.

Segundo o diretor-geral da Codesal, a frente fria estava sendo acompanhada pela entidade desde que ela estava passando pela região Sudeste a caminho de Salvador. No entanto, enquanto São Paulo registrou 100 milímetros de chuva em 24 horas e Rio de Janeiro contabilizou 140 milímetros em 72 horas, Salvador teve localidades que registraram mais de 330 milímetros em três dias.

"Esperávamos que chegasse aqui e tivéssemos, efetivamente, 150 a 160 milímetros em 72 horas, mas extrapolou todas as expectativas. Tem mais de 400 milímetros nesse mês de novembro, sendo que a média histórica é de 108 milímetros. Então, agora é trabalhar para afastar o risco das pessoas que estão na situação de moradia em locais encharcados", disse Sosthenes Macêdo.

No bairro de Saramandaia, local que registrou pelo menos três casos de desabamento em razão do deslizamento de terra, o representante da Codesal explicou que os acidentes ocorreram porque o volume de chuva foi muito grande e provocou o encharcamento do solo na área aberta ao redor do lugar onde um acidente também aconteceu, no bairro de Pernambués, e levou a terra até Saramandaia.

"O acumulado de terra rompeu na parte superior e não foi um escorregamento superficial, mas um escorregamento que rompeu a terra de tal modo que carregou as casas que estavam na parte superior, em Pernambués , trazendo elas até a área de Saramandaia", detalhou.

Até o momento, três pessoas foram socorridas com vida em Saramandaia. Foram eles: Diane Andrade, 33 anos, Marcelo Heitor, seis anos, e Adriano dos Santos, 30. As equipes de resgate e salvamento estão em busca da quarta vítima, o adolescente Paulo Andrade, 18.


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Crédito: Paula Fróes/CORREIO