Brasil confirma evolução e termina Jogos Paralímpicos no top 5 de medalhas pela primeira vez

Por Nossa Hora
Segunda-Feira, 09 de Setembro de 2024 às 06:30
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O Brasil encerrou a participação nas Paralimpíadas de Paris na 5ª posição no quadro geral de medalhas, batendo o próprio recorde de pódios e celebrando a melhor classificação na história da disputa. Foram 89 medalhas, sendo 23 de ouro, 25 de prata e 38 de bronze. O país superou o número de ouros em uma única edição. O recorde anterior, com 22 medalhas, foi registrado em Tóquio 2020.

As conquistas eram esperadas pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), que projetava bons números para essa competição. Nas últimas quatro edições, o país vinha se mantendo entre os dez melhores, o que permitiu ao CPB uma projeção otimista para esta campanha, conforme avalia Rafael Reis, especialista em esporte paralímpico e doutorando da Universidade Federal do Paraná (UFPR). 

"Eles trabalham com alguns números, com as possibilidades, inclusive para os financiamentos dessas modalidades. Então, foi realmente mais ou menos como o comitê esperava", diz. 

Somado ao recorde de pódios, o Brasil celebra outras duas conquistas históricas. O país bateu a marca de 200 medalhas no atletismo, com a prata de Thiago Paulino no arremesso de peso; e 150 na natação, também com medalha de prata. Quem garantiu a conquista foi o nadador Gabriel Bandeira, na modalidade 100 metros costas. No total, o Brasil volta para casa com 35 medalhas de natação e 26 de atletismo. 

O destaque nessas duas categorias é um elemento que soma ao sucesso do país nos Jogos Paralímpicos de 2024, já que são esportes com um grande número de medalhas em disputa.

No entanto, além da quantidade final de pódios, o bom desempenho em diversas categorias também é uma conquista, diz Reis. O Brasil participou dos jogos com 280 atletas e conquistou pódio em 16 das 20 modalidades em que competiu. No quadro geral, o país fica atrás de China (219 medalhas), Grã-Bretanha (124), Estados Unidos (104) e Países Baixos (55 medalhas, com apenas um ouro a mais que o Brasil). 

Reis afirma que, para além do sucesso esportivo, as Paralimpíadas impactaram os espectadores e geraram engajamento e discussões nas redes sociais. "A gente percebe a discussão acontecendo e nós estamos num fenômeno das redes sociais, então isso é muito perceptível", diz. "Esse é o legado intangível dos Jogos", acredita o pesquisador.

Brasil é potência

O Brasil se consolidou no top-10 das Paralimpíadas em Pequim 2008, quando terminou com 47 pódios – 16 ouros, 14 pratas e 17 bronzes –, na nona colocação. 

Em Londres 2012, o número de pódios diminuiu, mas o de ouros aumentou, e o país ficou na sétima colocação no quadro de medalhas (21 ouros, 14 pratas e 8 bronzes). Nos jogos do Rio, em 2016, o número de pódios teve um salto – foram 72 –, mas uma pequena queda no número de ouros deixou o país em oitavo. Já em Tóquio 2020, o país voltou à sétima colocação, com o mesmo número de pódios do Rio, mas um número recorde de ouros: 22.

De acordo com Rafael Reis, o cenário se explica por três fatores. Um deles é a fundação do CPB, em 1994, que permitiu uma centralização da organização e financiamento dos esportes paralímpicos. Além disso, o Brasil apresenta uma grande população - o que aumenta a chance da identificação de talentos - e determinantes sociais que aumentam no número de pessoas com deficiência. "Infelizmente sim, a pobreza, falta de desenvolvimento básico e de saneamento e violência fazem com que haja muitas pessoas com deficiência", explica Reis. 

A esse cenário se soma um financiamento robusto do esporte paralímpico, que tem como principais pilares a Lei Agnelo/Piva, que destina recursos das loterias para o esporte; a Lei de Incentivo ao Esporte, que permite renúncia fiscal por parte de empresas e pessoas físicas para beneficiar projetos esportivos; e o Bolsa Atleta, que garante remuneração direta a atletas em diferentes níveis da carreira.

Confira o quadro de medalhas do Brasil nos Jogos Paralímpicos de 2024 

OURO (23 medalhas) 

Atletismo (10) 

Ricardo Mendonça -100m T37 

Petrúcio Ferreira -100m T47 

Yetsin Jacques -1500m T11 

Julio Cesar Agripino -5000m T11 

Claudiney Batista -lançamento do dardo F56 

Jerusa Geber -100m T11 

Rayane Soares -400m T13 

Fernanda Yara -400m T47 

Elizabeth Gomes -lançamento de disco F54 

Jerusa Geber 100m T11 

Natação (7) 

Gabriel Araujo -50m costas S2 

Gabriel Araujo -100m costas S2 

Gabriel Araujo -200m livre S2 

Carol Santiago -50m livre S13 

Carol Santiago -100m livre S12 

Carol Santiago -100m costas S12 

Talisson Glock -400m livre S6 

Judô (4) 

Alana Maldonado -até 70kg J2 

Willians Araujo acima de 90kg J1 

Arthur Silva até 90kg J1 

Rebeca Silva acima de 70kg J2 

Taekwondo (1) 

Ana Carolina Moura -até 65kg 

Halterofilismo (2) 

Mariana D´Andrea -até 73kg 

Tayana Medeiros - até 86kg 

Canoagem (1) 

Fernando Rufino - 200m, classe VL2 

PRATA (25) 

Atletismo (11) 

Joeferson Marinho -100m T12 

Ricardo Gomes -200m T37 

Bartolomeu Chaves -400m T37 

Aser Ramos -salto em distância T36 

Thiago Paulino - arremesso do peso F57 

Rayane Soares -100m T13 

Thalita Simplício- 400m T11 

Zileide Silva - salto em distância T20 

Wanna Brito - arremesso do peso F32 

Elizabeth Gomes -arremesso do peso F54 

Raissa Machado -lançamento do dardo F56 

Natação (9) 

Phelipe Melo -50m livre S10 

Wendell Belarmino -50m livre S11 

Talisson Glock -100m livre S6 

Gabriel Bandeira -100m costas S14 

Cecilia Araújo -50m livre S8 

Patricia dos Santos -50m peito SB3 

Carol Santiago -100m peito SB12 

Debora Carneiro -100m peito SB14 

Revezamento 4x100m livre misto - 49 pontos 

Canoagem (2) 

Luis Cardoso -KL1 

Igor Tofalini - 200m, classe VL2 

Judô (2) 

Brenda Freitas -até 70kg J1 

Erika Zoaga - acima de 70kg J1 

Triatlo (1) 

Ronan Cordeiro - PTS5 

Tiro esportivo (1) 

Alexandre Galgani- Carabina 10m SH2 

BRONZE (38) 

Atletismo (14) 

Ariosvaldo Fernandes -100m T53 

Vinicius Rodrigues -100m T63 

Christian Costa -200m T37 

Julio Cesar Agripino -1500m T11 

Yeltsin Jacques -5000m T11 

Paulo Henrique -salto em distância T13 

Mateus Evangelista -salto em distância T13 

André Rocha -lançamento do disco F52 

Cicero Nobre - lançamento do dardo F57 

Lorena Spoladore -100m T11 

Veronica Hipolito -100m T36 

Maria Clara Augusto -400m T47 

Antonia Keyla Barros -1500m T20 

Giovanna Boscolo - lançamento de club F32 

Thomas de Moraes 400m T47 

Natação (10) 

Gabriel Bandeira - 100m borboleta S14 

Talisson Glock - 200m medley SM6 

Mariana Gesteira -100m livre S9 

Mariana Gesteira - 100m costas S9 

Beatriz Carneiro - 100m peito SB14 

Mayara Petzold - 50m borboleta S6 

Lidia Vieira - 150m medley SM4 

Revezamento 4x50m livre misto - 20 pontos 

Revezamento 4x100m livre misto - S14 

Lidia Cruz - 50m costas S4 

Goalball (1) 

Seleção masculina 

Badminton (1) 

Vitor Tavares- SH6 

Canoagem (1) 

Miqueias Rodrigues KL3 

Judô (2) 

Rosicleide Andrade até 48kg J1 

Marcelo Casanova até 90kg J2 

Halterofilismo (2) 

Lara Lima até 41kg 

Maria Fatima até 67kg 

Tênis de mesa (4) 

Bruna Alexandre - WS10 

Bruna Alexandre/Dani Rauen - WD20 

Luiz Manara/Claudio Massad - MD18 

Catia Oliveira/Joyce Oliveira- WD5 

Taekwondo até 57kg 

Silvana Fernandes (1) 

Futebol de cegos (1) 

Equipe masculina


BdF

Foto: Wander Roberto/CPB