Após derrota nas eleições do Parlamento Europeu, Macron dissolve parlamento e convoca novas eleições na França

Por Nossa Hora
Domingo, 09 de Junho de 2024 às 18:00
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O presidente da França, Emmanuel Macron, dissolveu o parlamento francês, neste domingo (9), e convocou novas eleições. 

O anúncio ocorre após derrota de seu partido (REM) nas eleições do Parlamento Europeu para o partido (RN) de Marine Le Pen, política populista de extrema direita

Macron disse que a ascensão de nacionalistas é um perigo para a Europa. "O resultado das eleições da União Europeia não é bom resultado para o meu governo", afirmou o presidente. 

“Decidi devolver-vos a escolha do nosso futuro parlamentar através da votação. Estou, portanto, dissolvendo a Assembleia Nacional.” 

A nova votação acontecerá em dois turnos, em 30 de junho (1º turno) e 7 de julho (2º turno). 

Eleições na União Europeia 

A decisão do presidente francês acontece em meio à divulgação dos primeiros resultados das eleições parlamentares da União Europeia. Institutos de pesquisa franceses projetam o partido de extrema direita RN (Reunião Nacional) à frente dos demais. 

Liderado pelo ultradireitista Jordan Bardella, o Reunião Nacional obteve cerca de 32% dos votos na eleição deste domingo, mais que o dobro dos 15% da chapa de Macron, de acordo com as primeiras pesquisas apuradas pela agência de notícias Reuters. 

De acordo com a Reuters, os eleitores dos 27 países da União Europeia elegeram 720 legisladores para o Parlamento Europeu para os próximos cinco anos neste domingo. Nos quatro dias de votação em todo o bloco houve uma "clara mudança para a direita", diz a agência. 

O parlamento tem sido governado nos últimos cinco anos por uma maioria de três grupos: 

o Partido Popular Europeu, de centro-direita; 

os Socialistas e Democratas, de centro-esquerda; 

e os liberais, ou Renovar a Europa. 

Juntos, esses partidos comandaram a política da União Europeia, como o Acordo Verde e a resposta da UE à invasão da Ucrânia pela Rússia. 

Além de Macron, as pesquisas de boca de urna indicam resultados ruins para os partidos governistas da Alemanha e ganhos para a extrema direita (Alternativa para a Alemanha AfD) nas eleições da UE. Os Social-democratas de Olaf Scholz ficaram em terceiro lugar atrás da extrema direita. 

Marine Le Pen 

“Estamos prontos para assumir o poder se os franceses nos derem a sua confiança nas próximas eleições nacionais”, disse Marine Le Pen durante um comício neste domingo. 

Le Pen também afirmou que sua vitória é um acontecimento "histórico" e que ela está pronta para as novas eleições.  

Marine Le Pen tentou se colocar como uma figura dominante, e possui histórico de posturas xenofóbicas e de aproximação com a Rússia. 

As siglas conservadoras e de extrema direita da Europa, incluindo o partido de Le Pen, concordam em pontos que geram polêmica entre os europeus, como a contenção de imigrantes e a revogação das regulamentações ambientais, mas se opõem fortemente em questões como o apoio à Ucrânia. 

O plano de Le Pen é criar um grupo de nacionalistas que possa puxar a Europa para a direita e, para isso, procura se aliar à Meloni. Ao jornal italiano "Corriere della Sera", a líder francesa defendeu a mensagem de união no continente. “Não devemos perder uma oportunidade como esta”, afirmou Le Pen. 

“Um caminho poderia proporcionar uma liderança estável a nível da UE e mostrar como os moderados podem lidar de forma inteligente com a direita populista. A questão já não é se os populistas podem ser contidos. É como responder à sua ascensão”, escreve a The Economist. 

As eleições para o parlamento europeu 

As eleições para o Parlamento Europeu funcionam assim: As votações ocorrem em cada um dos 27 países do bloco; cada nação elege os respectivos eurodeputados: a Alemanha é quem tem mais cadeiras, 96; Malta e Luxemburgo são os menores, com seis. Serão 720 eurodeputados no Parlamento. 

Em 22 de maio, o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, convocou eleições antecipadas no país e dissolveu o Parlamento. As novas eleições, segundo Sunak, acontecerão em 4 de julho. 


G1 

Foto: Ludovic Marin/AFP