Home Política Lula veta tese do marco temporal em lei aprovada pelo Congresso

Lula veta tese do marco temporal em lei aprovada pelo Congresso

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu vetar parcialmente o projeto de lei (PL) que estabelece que os povos indígenas só têm direito às terras que ocupavam ou reivindicavam até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da atual Constituição Federal. Essa tese é conhecida como marco temporal. O anúncio foi feito em coletiva à imprensa pelos ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Sônia Guajajara (Povos Indígenas) e Jorge Messias (Advocacia Geral da União), no fim da tarde desta sexta-feira (20), no Palácio da Alvorada, residência oficial.

A sanção com vetos será publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) porque esta sexta-feira é o último dia do prazo que o presidente da República tinha para se manifestar.

O Projeto de Lei (PL) 2.903/2023 foi aprovado pelo Congresso Nacional no dia 27 de setembro. Uma semana antes da aprovação no Legislativo, o Supremo Tribunal Federal (STF) tinha invalidado a tese do marco temporal. Os ministros da Corte, entretanto, definiram indenização para ocupantes de boa-fé. Na ocasião, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), negou que a aprovação do projeto foi para afrontar o STF.

“O presidente Lula, hoje [20], data de sanção do PL que trata do marco temporal, decidiu por vetar o marco temporal, respeitando integralmente a Constituição brasileira, inclusive as decisões recentes do STF sobre constitucionalidade sobre esse tema”, afirmou Padilha.

Questionada sobre a expectativa do movimento indígena, que cobrava um veto total ao PL, a ministra Sônia Guajajara disse que os pontos não vetados não prejudicam a política indigenista. “O que ficou ali é o que está em algum dispositivo legal, que não vai alterar em nada ao que já temos garantido na Constituição Federal, e agora na última decisão do STF. Estamos totalmente abertos ao diálogo com o movimento indígena, para esclarecer e construir, como também com o próprio Congresso Nacional”.

Entre os artigos mantidos no texto, estão os que, segundo Alexandre Padilha, “reforçam a transparência de todo o processo de estudo, de declaração, de demarcação, que reforçam a participação efetiva de estados e municípios ao longo de todo o processo, que regulamentam o acesso à área indígena, de servidores que estão prestando serviços importantes para essa população. E o início do artigo que valida a importância de atividades econômicas e produtivas nessa Terra Indígena, desenvolvidas pela comunidade indígena”, afirmou.

As razões e justificativas dos vetos serão informadas no texto a ser publicado no DOU, o que deve ocorrer ainda nesta sexta.

Além do marco temporal, já considerado inconstitucional pelo STF, a possibilidade do pagamento de indenização prévia às demarcações foi vetada, segundo explicou o advogado-geral da União, Jorge Messias. A possibilidade de revisão de demarcações já realizadas, cultivo de transgênicos, garimpo e construção de rodovias em terras indígenas sem autorização das comunidades indígenas foram outros pontos vetados, segundo informaram os ministros. Messias disse que a sanção parcial respeitou a separação dos Três Poderes e defendeu a decisão tomada.

“O presidente Lula muito claramente atendeu aquilo que foi decidido pelo STF e vetou outros dois blocos de artigo que contrariavam a política indigenista, e um outro bloco que gerava insegurança jurídica para a aplicação do processo demarcatório”, destacou.

Análise de vetos

Com a sanção parcial do projeto pelo presidente Lula, os vetos voltam para ser analisados pelos parlamentares em sessão do Congresso Nacional, que ocorre com a participação de deputados e senadores.

O veto é a discordância do Presidente da República com determinado projeto de lei aprovado pelas Casas Legislativas do Congresso Nacional. A Constituição determina que ele seja apreciado pelos parlamentares em sessão conjunta, sendo necessária a maioria absoluta dos votos de deputados federais (pelo menos 257) e de senadores (pelo menos 41) para a sua rejeição.

Agência Brasil

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Camaçari: Junior Borges anuncia apoio a Flávio Matos para sucessão municipal

Cotado como um dos seis nomes iniciais para representar o governo na sucessão municipal, o líder do governo na Câmara de Camaçari, Júnior Borges...

PEC do Senado que criminaliza porte de drogas fará distinção entre usuário e traficante

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que proíbe o porte e a posse de qualquer quantidade de drogas recebeu uma alteração durante a...

“Comum”, indicação de ministro da Justiça para o STF é “estratégica”, dizem especialistas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) repetiu seus antecessores no cargo e indicou seu ministro da Justiça para o Supremo Tribunal Federal...
- Anuncie Aqui -

MAIS POPULARES

Camaçari sedia Festival de Xadrez neste domingo (3)

O município Camaçari recebe neste domingo (3/12), o Festival de Xadrez do Interior 2023. A competição, que acontece a partir das 9h, no Centro...

ESG Tech lança campanha “so+ma de Prêmios” para reconhecer quem mais recicla com bike elétrica, tênis e vale-cupons

A ESG Tech so+ma lança a partir desta semana a campanha “so+ma de Prêmios” em que a cada 30 quilos de materiais recebidos nas...

Primeira parcela do 13º deve injetar mais de R$ 100 bi na economia, mas parte vai para as dívidas

O pagamento da primeira parcela do 13º salário, que será realizado nesta quinta-feira (30), deve injetar pelo menos R$ 100 bilhões na economia. A...

IBGE aponta que 64% da população brasileira não usa preservativo

Com a proximidade do Dia Mundial do Combate a AIDS, que acontece no dia 1°de dezembro, uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia...