A conduta do agora ex-secretário de saúde do estado, Fábio Vilas Boas, que chamou a chef do Restaurante Preta, Angeluci Figueiredo, de “vagabunda”, deixou deputados da base e da oposição ao governador Rui Costa, PT, “perplexos”. Na Assembleia Legislativa, as deputadas, por sua vez, ficaram “indignadas” e “surpresas” com o comportamento de Boas. Além disso, a postura do ex-secretário também causou “muito constragimento” na base do governo, que indicava a sua demissão como a melhor saída para crise.
O Classe Política apurou que tanto na Assembleia Legislativa quanto na bancada baiana da Câmara dos Deputados o dia foi intenso, de reuniões, ligações e troca de mensagens. A avaliação “unânime” era que a permanência de Fábio Vilas Boas à frente da SESAB, a mais importante pasta do governo baiano, ao lado da de Educação e Segurança Pública, era “insustentável”. Esse mal humor do legislativo, também revelado em matéria exclusiva publicada pelo Classe Política mais cedo, chegou aos ouvidos do governador. Conforme revelou a reportagem, ele teria dado um “soco” na mesa, reprovado a atitude do auxiliar mais próximo, que mergulhava o governo numa “crise desnecessária”. No núcleo do governo trabalhava-se com três saídas para Vilas Boas, a depender da repercussão que o assunto ainda teria no decorrer do dia e do humor da opinião pública, mas que o mais indicado seria que ele pedisse exoneração ou que o governador tivesse uma conversa com ele para oficializar seu desembarque do governo antes do Papo Correria, programado para a noite desta terça-feira.
Atrito e realizações
Fábio Vilas Boas é o mais longevo secretário no governo Rui Costa. Entrou na Sesab em 2015, depois da vitória do petista, com o desafio de interiorizar a saúde pública no estado. Amigo pessoal e cardiologista de Rui, Boas era o todo poderoso na saúde e o intocável no governo. Não era bem relacionado com deputados, era visto com ressalvas por diversos políticos por sua “arrogância” e falta de maleabilidade política. Chegou a ter atritos com o ex-secretário e hoje deputado federal Jorge Solla. Apesar de visto, no meio político, com ressalvas, sua gestão era bem avaliada, o que a blindava das críticas da oposição. Além de coordenar o processo que implantou 20 Policlínicas na Bahia, Fábio Vilas Boas fundou, em sua gestão, o Hospital da Mulher, em Salvador, e os Regionais da Chapada, em Seabra, e da Costa do Cacau, em Ilhéus. Teve êxito na gestão da pandemia. Com sua saída da SESAB, assume a pasta a médica Tereza Paim, que até então era a sub secretária de saúde e braço direito do ex-secretário.
Por Jones Almeida